quarta-feira, 9 de maio de 2007

Frio

Estou me lembrando de um dia muito frio. Frio mesmo, daquele de bater os dentes, cachecol colorido no pescoço, jaquetas pesadas, as mãos geladas - na boca, o gosto do conhaque recém -consumido, com madeira, com mel.
Dentro de nós, dos nossos corações tatuados, o calor era insuportavél, e entrar naquele carro, correr para algum lugar, ainda que em alta valocidade, era insuportável - nós nunca conseguiamos esperar chegar nesse tal lugar, o que era amor, transpirava muito antes - arrepiada só a pele.

Vidros embaçados, mas não me lembro a música que tocava, mas estava alta, sempre alegre, embalava o ritmo que você me beijava, embalava minhas mãos rápidas, ávidas de você.
Eu te amava mais, te amava tanto.
E o frio, ah o frio queimava, mas era impossível nossos corpos não se tocarem por completo, era necessário sentir na pele, a sua pele, e o frio- era necessário descer do carro, abraçar, estar no seu colo, com as pernas envolvidas na sua cintura, respirando forte, ali na rua deserta - ali , esquecemos a música no carro, eu só escutava seu coração bater, descontrolado.
Que lembrança incrível desse dia, que corrosivo pensar, mas não quero esquecer, e mesmo assim, já me trai a memória, mas enfim.

Eu amo você.



No som: Transito - Ludov

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