sexta-feira, 20 de abril de 2007

Trabalho.

Gosto dos carros passando, a curva em frente minha janela, o ônibus lotado descendo a rua devagar, o velho, o moço, o travesti, o mendigo, e eu gosto de estar no meio disso, vou cantando, esbarrando em tudo, na pressa de uns, no cambalear dos outros, vou pedindo desculpas, fazendo amizades de um segundo, fugindo do sol, da solidão.
Gosto do silêncio do teatro, seus corredores pintados de preto, pé direito alto e até, de seus fantasmas.
Odeio a música que não toca.
Gosto do cheiro do meu café, vem daquela cafeteira velha, zuada.
Odeio aquele boneco surrado, jogado no canto do camarin.
Eu gosto do cheiro do camarin.
Odeio a vulgaridade da luz. Audaciosa e sem sem graça.
Amo a humildade do carioca, do gordo tão boa praça, do Turrão, do puxa-saco, amo a molecagem dos atores pintados.
Dos últimos odeio, o pseu-intelectualizado. Furado, vulgarizado com Machado.
Eu odeio o diabo.
Amo o transviado e me lembrei do velho com cheiro de palha queimada, fumaça.
Amo o velho cheirador de pó,
Odeio o barulho do aspirador.
Amo o carpete,
odeio vermelho.
Amo o lugar onde eu não deveria estar.
Odeio e amo estar.

E *Agora?!



No som, pela manhã: Envelho na cidade - Ira.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

"Meados de Março seu, Abril, Maio para sempre portanto, sem adeus ..."

Trovinha babaquinha de moderninha

Insuportável sua ausência do meu mundo de faz - de -conta.
Insuportável sonhar sem te ver na varanda,
com seus pés descalços, sua camisa jogada
Ao pé da cama da sua amante esgotada
Eu, apaixonada.

Trovinha portuguesa, em plena São Paulo, dos anos de 2007.


No som, cara, respeitavelmente : Chico Buarque de Holanda, o poeta, o amante.

domingo, 15 de abril de 2007

É de longe, o relacionamento mais insano que eu já vivi. Não sei quantas vezes eu usei a palavra "insano" para defini-lo.
Não sei quantas vezes duvidei do meu juízo ao pensar em você.
Estou tento uma atitude insana no momento, disquei seu número, não sei quantas vezes, e você não me atendeu. E por incrível que parece, estou, de verdade, irada com isso.
Se eu pudesse, pegaria um carro, cantaria os pneus, atropelaria um cachorro seu e gritaria teu nome, na porta da tua casa.
Eu gritaria que você é infantil, que eu sou louca de te querer, que você não me merece, que eu jamais quiz passar o resto da minha vida com você.
Gritaria para você escutar e se lembrar, que eu não preciso de você, eu não quero.
eu não preciso.
Mas por que eu estou fazendo tudo isso ?
Insana, eu ?
Apaixonada seu idiota.

domingo, 8 de abril de 2007

Longo, o dia 08 de Abril.


"É... eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..."


- Saint-Exupèry / O Pequeno Príncipe -



Esse texto não é de hoje. Mas quiz posta-lo, normal, o sinto ainda.

Mas hoje a parada é outra. Também.
Eis que reconhecestes entre 50 milhões, fora as milhares que já passaram por ti, que cruzaram as mesmas avenidas, os mesmos lugares, que se sentaram nas mesmas cadeiras.
De repente, vc leu meu olhos, fitando-o em imagem, leu meu coração, mascarado em palavras.
Me tomou. Sou sua, desde antes, desde sempre, desde, não sabemos quando.
Eis que sinto seu cheiro, teu abraço, dormes do meu lado assim tão distante.
Senti tão certo, teu amor.
Suas mãos dedilharam meus cabelos e esta noite, foi vc que embalou meu sono.
E eu te amo. Inexplicavelmente, profundamente, e como doi esse amor, como doi a falta da sua presença que nunca tive.
Me falta o ar, me faltam as unhas já todas roídas, me falta paciência, me falta mais um cigarro no maço, para sanar minha agônia.
Me falta teu carinho, tua respiração, teu coração descompasado, batendo junto com o meu.
Falta o reencontro.
Falta ficar contigo para sempre.
Me falta vc.